segunda-feira, 2 de abril de 2012

Como posso me tornar mais criativo?
Buscar conhecimentos e experiências em lugares diferentes e inusitados é uma estratégia importante

Por Fábio Zugman


No artigo desta semana, vamos abordar um tema que, não raras vezes, é assunto de debate em escolas, universidades e empresas: a criatividade. A pergunta escolhida desta vez foi enviada pelo internauta Bruno Moraes, que diz entender a criatividade e a capacidade de inovar habilidades que podem ser desenvolvidas, em vez de atributos natos, como se costumava acredita no passado. E aí ele quer saber: quais as melhores escolas de criatividade e inovação.

Então, Bruno. Há não muito tempo, havia uma bela discussão sobre se a criatividade podia ser aprendida ou se fazia parte daquelas coisas com as quais nascemos e não temos muita opção. Hoje, apesar de haver questões sobre fatores genéticos e ambientais que limitam ou potencializam determinada característica, já há algumas iniciativas de sucesso que mostram que é possível sim ensinar e incentivar a criatividade (e, em consequência, tornar pessoas e empresas mais inovadoras).

E isso levou a outra questão... Não há, exatamente, uma ou outra escola que te ensine a ser mais criativo ou inovador. Isso porque, se hoje os pesquisadores concordam que é possível incentivar a criatividade, não conseguem concordar se ela é um fator geral, aplicável a diversas áreas, ou é algo que depende do contexto.



Em outras palavras, dizer que você é criativo em algo não é o mesmo que dizer que você é criativo em tudo o que faz. Não é porque alguém é considerado criativo em sua profissão, que será criativo em qualquer outra coisa. Do mesmo modo, pessoas em profissões e funções decididamente não criativas podem muito bem chegar de seu trabalho e tocar um instrumento musical ou praticar algum esporte de forma criativa.

Na verdade, intuitivamente essa idéia faz sentido. Não esperamos que um profissional criativo na área de marketing seja de muita ajuda para resolver os problemas jurídicos da empresa de forma criativa.

A primeira parte de sua resposta, então, seria: escolha a área em que você quer se tornar criativo e mergulhe nela com todas as suas forças. Voltando ao nosso exemplo, dificilmente alguém que leu o mesmo livro-texto que todos os outros profissionais de marketing se torna criativo nessa área. É preciso ler outros 15 livros. É preciso conhecer pessoas que atuam nessa área. Atualizar-se constantemente. Fazer conexões, ver e entender diferentes modos de lidar com as mesmas questões.

As pessoas criativas em uma área tendem a ser também aquelas mais produtivas. Criatividade é algo que dá trabalho. Isso quer dizer que, se você realmente quer se tornar criativo em algo, não há uma escola que vai fazer isso por você. Provavelmente, será preciso frequentar várias escolas diferentes, passar por diversas experiências, realizar diferentes projetos, até você começar a enxergar a área que escolheu de modo diferente.

Indo para o outro lado da discussão, há uma linha de pesquisa que busca os fatores gerais da criatividade. Por essa linha, a criatividade seria algo parecido com nossa inteligência analítica. Uma ferramenta que pode ser usado em diversas ocasiões diferentes, uma vez que aprendamos a usá-la e desenvolvê-la. Nesse caso, a melhor forma de desenvolver a criatividade seria desenvolver interesses diversificados. Ou seja, arranje um hobby, aprenda a tocar um instrumento musical, faça um novo esporte ou atividade. Frequente aulas e leia sobre assuntos fora de sua área de atuação. Muitas pesquisas que tratam a criatividade como uma habilidade geral chegam à conclusão de que realizar diferentes tipos de atividade faz com que seu cérebro comece a fazer conexões diferentes. Quanto mais variação você busca no mundo, mais matéria-prima vai ter na hora de ligar suas idéias.

Resumindo, Bruno, com o que sabemos hoje sobre criatividade, você tem duas lições de casa. A primeira é encontrar aquilo em que realmente quer ser criativo e se dedicar de verdade. A segunda é buscar conhecimentos e experiências em lugares diferentes e inusitados.

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